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Post copiado do site do Festival de Dança de Londrina



   Alunos da Escola Municipal de Dança da Zona Norte - exemplos de garra e dedicação na Mostra Local 2011 (Foto: Isabela Figueiredo)



A Bahia está viva ainda aqui

Alunos da Escola Municipal de Dança da Zona Norte apresentam trabalho de destaque na Mostra Local 2011 e despontam como promissores talentos desta arte



A luz vermelha banhava o palco de paixão quando os 14 bailarinos da Escola Municipal de Dança da Zona Norte rasgaram, num repente, a cena. Corpos preparados, postura que denuncia os anos de formação em ballet clássico, concentração digna dos grandes artistas. As dançarinas, distribuídas em pé pelo tablado, caem, uma a uma, quando tocadas pela figura masculina. A imagem é o quadro de abertura da apresentação “Fragmentos do Espetáculo ‘Modupé’”, que integrou a Mostra Local do Festival de Dança de Londrina 2011 na segunda (3/out).
O tablado do Teatro Ouro Verde ganhou vida a partir das formações contemporâneas da coreografia concebida pelo professor Alexandro Micale. Vestido de preto, com detalhes em vermelho nos braços e olhos, o elenco desdobrou-se em formações dinâmicas para contar as histórias, costumes, tradições e ritmos do povo baiano – nascedouro primeiro do Brasil. A música de atabaques, do berimbau e do pandeiro integrava-se ao som de vozes, de gramelôs, da limpidez líquida de Marisa Monte. 
“Eu queria trabalhar elementos relacionados à minha história – sobre fé, religiosidade, formas de se mexer, de viver, de acordar. Eu gosto muito de tudo o que é brasileiro, da nossa ginga, do nosso jeito de dançar, que não tem em nenhum outro lugar. Quero falar o que tem de africano na gente, nessa miscigenação. Os alunos também se encantaram com essa idéia”, explica Alexandro Micale. 
Do início ao fim, o que se vê é a potência e o talento dos jovens ao desenvolver uma coreografia dinâmica, ritualística, que dispensa os velhos lugares-comuns da brasilidade para uma elaboração elegante, abstrata, comparável a boas e conceituadas pesquisas em dança. O que surpreende é a disponibilidade dos alunos e do coreógrafo, que começou a realizar o trabalho voluntariamente, nos finais da aula de ballet clássico, para explorar outras possibilidades de movimento. O grupo empolgou-se e passou a demandar mais tempo; os passos ganharam forma de coreografia e tornaram-se espetáculo. A versão integral de “Modupé” deve estrear em breve, tão logo o grupo consiga financiar – de maneira independente – a montagem.
“Os bailarinos são muito disponíveis. Sábado, domingo, feriado, eles encaram o desafio, dão realmente o sangue porque é uma grande oportunidade. Os pais, mães e amigos são fundamentais para que o espaço da escola esteja em pé. Eles fazem promoções, participam do trabalho com projetos, com idéias”, destaca Micale. 
Segundo o professor, o debate sobre temas delicados presentes na montagem, como aspectos das religiões afro-brasileiras, são frutíferos e tem grande recepção junto aos alunos. “No máximo, a arte tem conceito – não, preconceito”, pontua.
A palavra “Modupe”, na língua yorubá, significa “muito obrigado”. A gratidão manifesta-se em vários níveis: gratidão aos deuses que animaram os elementos naturais para fazer nascer a vida; gratidão ao diretor e aos pais, que investem grandes esforços para a manutenção do projeto; gratidão a quem lhes dá a oportunidade de reinventar a própria existência por meio da arte. Palavra bem adequada também à satisfação dos alunos da Zona Norte diante dos calorosos aplausos ao final da apresentação no Festival de Dança de Londrina.
Como convém ao seu propósito, a Mostra Local 2011 lembra que desponta-se um bom e animador futuro na dança londrinense. Alexandro Micale já pensa na consolidação de um “Ballet Jovem” da cidade, um sonho que, se depender do rigor dos alunos, não tardará em realidade.


Renato Forin Jr. / Assessoria de Imprensa Festival
http://www.festivaldedancadelondrina.art.br/











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